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Como se mantém a estabilidade do parque eólico flutuante?
Mas como é possível manter estáveis estas estruturas tão altas num local onde as ondas podem facilmente ultrapassar os 15 metros? «O que torna o WindFloat Atlantic diferente de outros parques eólicos marítimos é a tecnologia desenvolvida e utilizada: as plataformas flutuantes», esclarece José Pinheiro.
As plataformas semissubmersíveis são uma inovação criada inicialmente pela indústria dos combustíveis fósseis que foi posteriormente adaptada para suportar estas turbinas gigantes no meio da incrível força do Atlântico.
As plataformas, em si, são maciças, com três colunas de 29 metros de altura e 12 metros de diâmetro, dispostas num triângulo equilátero. O princípio subjacente à manutenção da estabilidade das gigantes torres com turbinas é o mesmo que se aplica aos navios: o lastro.
Mas estas plataformas flutuantes apresentam outra vantagem. «A sua estabilidade é reforçada por um sistema de comportas que enchem de água a base dos três pilares, associado a um sistema de lastro estático e dinâmico», explica José Pinheiro.
A água pode ser deslocada entre os pilares para contrabalançar a força do vento. As estruturas são capazes de resistir a ondas de até 20 metros e a ventos superiores a 100 quilómetros por hora.
O nível de preparação destas estruturas foi posto à prova durante a tempestade Ciarán no final de 2023, com vagas que alcançaram a altura máxima de 20 metros e rajadas de vento que atingiram os 139 quilómetros por hora.
As plataformas estão ancoradas ao fundo marinho por meio de cabos, o que permite o seu funcionamento muito mais longe da costa, em águas mais profundas. O oceano tem cerca de 100 metros de profundidade no local onde o WindFloat Atlantic está instalado. Além disso, as plataformas podem ser rebocadas para terra quando necessitam de manutenção ou eventual substituição.
Parque eólico flutuante – o futuro
José Pinheiro afirma que a tecnologia, agora comprovada, é o futuro da energia eólica marítima. «Existe uma maior urgência devido à necessária transição climática», declara, «e as empresas do setor da energia, como a EDP e a EDP Renováveis, podem desempenhar um papel importante. Com as competências que desenvolvemos, esperamos dar novos passos neste domínio.»
José Pinheiro informa que, através da Ocean Winds, um consórcio entre a EDP Renováveis e a Engie, estão a ser desenvolvidos novos parques eólicos ao largo da costa espanhola, onde a empresa tem projetos nas Astúrias e nas Ilhas Canárias, bem como em França e na Escócia, entre outros locais.
Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que era comissário europeu da Investigação, Ciência e Inovação à data da aprovação do projeto, afirmou que o apoio do Banco ao projeto «constitui mais um exemplo de como o financiamento da UE está a ajudar a diminuir os riscos associados à implementação de soluções energéticas inovadoras, como o WindFloat.» «Precisamos de tecnologias inovadoras para acelerar a transição para as energias limpas na Europa e liderar o combate às alterações climáticas a nível mundial.»
O WindFloat Atlantic foi reconhecido em 2023 como um dos mais importantes projetos de engenharia do século XXI pela Ordem dos Engenheiros portuguesa, que representa cerca de 62 000 engenheiros em Portugal.